Tão pouca é a vontade
das pessoas de voltar para casa e os postes das ruas estiverem tristemente
apagados, as janelas estiverem cerradas, e só restar feixes de luz bem fracas. O prédio todo apagado e o
elevador parado e solitário e as pessoas teriam de subir as escadas no
escuro, e se cansarem muito, forçando seu joelhos fracos e cansados do dia duro.
Deitada na cama em
noites realmente escuras de apagão, sem distinguir o preto dos olhos fechados e
o preto de fora, eu me junto ao espaço. Tudo é coberto por
um manto, um manto preto que nos chama a juntar tudo em um, a tornar tudo mais
fácil, sem o meu nem o seu, nem o dele, e só se vai aos poucos quando a luz da
manhã chega.
Entrar nesse escuro é
outra realidade, você não é você nesse tempo, você pode ser tudo, sem limites,
sem barreiras, um espaço onde todos podem ser do tamanho que querem.
As velas também são
muito queridas.
A casa invadida pela luz
que elas produzem fica mais bonita, sempre gostei de luz amarelada mais do que
luz brancas que cega os olhos.
Me lembra algo mais
primitivo, me lembra uma floresta mágica com fadas brilhantes amarelas, ou uma
casa de camponeses tradicionais, com aquela famosa imagem clichê de uma mãe
cobrindo o seu filho, dando um beijo de boa noite em sua testa, cobrindo ele e fechando
a janela do frio e normalmente apagando uma vela em um candelabro com o sopro
perfeito que deixa tudo escuro, o escuro em que não da para distinguir o preto
dos olhos fechados e o preto de fora.
Você prefere que eu
deixe a vela acesa ou apagada?